quarta-feira, 26 de outubro de 2016

HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO


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SINOPSE

Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas


HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO


Portaria SAS/MS n° 1.161, de 18 de novembro de 2.015


CID-X:
  • E03.0 - Hipotireoidismo congênito com bócio difuso;
  • E03.1: Hipotireoidismo congênito sem bócio.


DEFINIÇÃO DE HIPOTIREOIDISMO
  • Hipotireoidismo é a diminuição ou ausência de hormônios tireoidianos, caracterizado pela diminuição dos níveis séricos de tiroxina (T4) e triiodotironina (T3).


CLASSIFICAÇÃO
  • Hipotireoidismo primário: decorrente da incapacidade parcial ou total da glândula tireóide em produzir  hormônios tireoidianos.
  • Central: decorrente da falta do hormônio tireoestimulante (TSH) hipofisário ou do do hormônio liberador do hormônio tireoestimulante (TRH) hipotalâmico.


EPIDEMIOLOGIA
  • Incidência:
    • Grécia: 1:1.800 nascidos-vivos;
    • França: 1:10.000 nascidos-vivos;
    • Brasil:
      • Hipotireoidismo: 1:2.595 a 1:4.795 nascidos vivos;
      • Hipotireoidismo central: 1:25.000 a 1:100.000 nascidos-vivos.


ETIOLOGIA
  • Nas regiões não deficientes de iodo, as causas mais comuns de hipotireoidismo congênito são:
    • Ectopia tireoidiana (6%);
    • Agenesia tireoidiana (15%);
    • Deficiência na síntese hormonal (15%).
  • Hipotireoidismo transitório:
    • Decorrente do uso pelas mães durante a gestação de iodetos, substâncias antitireoidianas ou iodo radioativo.



QUADRO CLÍNICO
  • O hipotireoidismo congênito costuma ser assintomático ou oligossintomático logo após o nascimento. Posteriormente, pode se manifestar por:
    • Hipotonia muscular;
    • Dificuldade respiratória;
    • Cianose;
    • Icterícia prolongada;
    • Constipação;
    • Bradicardia;
    • Anemia;
    • Sonolência excessiva;
    • Livedo retitcularis;
    • Choro rouco;
    • Hérnia umbilical;
    • Alargamento de fontanelas;
    • Mixedema;
    • Sopro cardíaco;
    • Macroglossia;
    • Dificuldade na alimentação;
    • Crescimento deficiente pôndero-estatural;
    • Atraso na dentição;
    • Pele seca e sem elasticidade;
    • Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e retardo mental.


DIAGNÓSTICO
  • TRIAGEM NEONATAL (TESTE DO PEZINHO):
    • Estratégia 1: Aferição do TSH em amostra de sangue coletada em papel de filtro (teste do pezinho), seguida da medida do T4 (total ou livre) em amostra de soro quando o TSH for superior a 20 mUI/L por radioimunoensaio ou superior a 15 mUI/L por ensaios imunométricos.
      • Coleta da amostra:
        • Recém-nascidos a termo sem comprometimento clínico: deve ser realizada a coleta entre o 3° e o 7° dias de vida (Os níveis de TSH em crianças não afetadas pelo hipotireoidismo congênito são mais elevados nos primeiros 3 dias de vida, podendo, nesse período, resultar em testes com diagnósticos falso-positivos);
        • Recém-nascidos prematuros ou criticamente doentes:  a coleta deve ser realizada aos 7 dias de vida.
    • Estratégia 2:
      • Aferição de T4 em amostra de papel filtro (normal: > 6 mcg/dL), coletada entre o 3° e o 7° dia de vida, seguida da aferição de TSH quando os níveis de T4 estiverem baixos.
    • Programa Nacional de Triagem Neonatal: os resultados de rastreamento positivos devem ser seguidos da dosagem de T4 (total e livre) e TSH em amostra de sangue venoso, obtida com a maior brevidade possível para a confirmação diagnóstica. O ponto de corte de TSH adotado pelo protocolo é de 10 mUI/L no teste do pezinho.

  • ULTRASSONOGRAFIA CERVICAL:
    • Permite diagnosticar a etiologia do hipotireoidismo congênito.

  • CINTILOGRAFIA DE TIREÓIDE:
    • Permite diagnosticar a etiologia do hipotireoidismo congênito.
    • Realizado após o exame de ultrassonografia cervical, quando este não consegue determinar a etiologia do hipotireoidismo congênito.
    • Deve ser realizado após 3 anos de idade para não postergar o início da terapia de reposição hormonal.

  • TESTE FUNCIONAL DE ESTÍMULO COM TRH:
    • Utilizado para o diagnóstico etiológico de hipotireoidismo congênito central.

  • IDADE ÓSSEA: atraso na maturação óssea.


CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
  • Pacientes com diagnóstico laboratorial de hipotireoidismo congênito:
    • TSH sérico: > 10 mUI/L;
    • T4 total ou livre: normal-baixo.


CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
  • HipoTBGnemia:
    • Pacientes com dosagem sérica TSH normal, T4 total sérico inferior ao valor de referência e valores de proteína carreadora de hormônios tireoidianos (thyroxine-binding globulin, TBG) inferiores ao valor de referência, devem ser submetidos à dosagem de T4 livre sérico:
      • T4 livre sérico normal: diagnóstico de hipoTBGnemia, não devendo ser o paciente incluído no protocolo de tratamento de hipotireoidismo congênito.
      • T4 livre sérico reduzido: diagnóstico de hipotireoidismo congênito. Paciente deve ser incluído no protocolo de tratamento.
  • Pacientes com intolerância ao uso do medicamento empregado na reposição hormonal.


CENTROS DE REFERÊNCIA
  • O Programa Nacional de Triagem Neonatal prevê que “os Serviços de Referência em Triagem Neonatal/Acompanhamento e Tratamento de Doenças Congênitas Tipo I, II e III - grupo em que se inclui o hipotireoidismo congênito - são os responsáveis pela realização da triagem dos pacientes, assim como por seu tratamento e acompanhamento”.


TRATAMENTO

APRESENTAÇÃO:
  • Levotiroxina sintética: comprimidos de 25, 50 e 100 mcg.


POSOLOGIA:


TABELA: POSOLOGIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL COM LEVOTIROXINA
IDADE
DOSE (mcg/Kg/dia)
0 a 28  dias
10 - 15
1 a 6 meses
7 - 10
7 a 11 meses
6 - 8
1 a 5 anos
4 - 6
6 a 12 anos
3 - 5
13 a 20 anos
3 - 4
Adultos
1 - 2
  • Nas crianças que não conseguem ingerir o comprimido, o mesmo deve ser macerado e dissolvido em pequena quantidade de água.
  • Deve ser administrada em dose única diária e contínua.


TEMPO DE TRATAMENTO:
  • O tratamento deve ser mantido por toda a vida.
  • Nos casos de suspeita de hipotireoidismo transitório, a medicação deve ser suspensa após 3 anos de idade por curto período de tempo como o objetivo de reavaliar a função tireoidiana. Esses casos incluem pacientes sem etiologia definida por exame de imagem (especialmente se for demonstrada tireóide normal à ecografia), pacientes com quadro clínico e laboratorial inicial duvidoso e pacientes que não precisaram de aumento de dose de tiroxina durante o seguimento.


MONITORIZAÇÃO
  • Os pacientes devem ser monitorizados quanto:
    • Desenvolvimento pôndero-estatural;
    • Desenvolvimento neuropsicomotor;
    • Laboratorialmente:
      • TSH: manter o TSH dentro dos valores de referência (idealmente entre 0,5-2,0 mUI/L).


TABELA: MONITORIZAÇÃO LABORATORIAL DO TRATAMENTO DO HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO
MOMENTO
FREQUÊNCIA DE DOSAGEM DO TSH
Logo após iniciado o tratamento com levotiroxina
2 a 4 semanas após início da medicação
Primeiros 6 meses de vida
a cada 1-2 meses
De 6 meses a 3 anos de idade
a cada 3-4 meses
Após 3 anos de vida
a cada 6-12 meses
Após qualquer alteração de dosagem
após 4 semanas do ajuste de dosagem




REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA





Site de Legislação em Saúde no Brasil





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