SINOPSE
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas
HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO
Portaria SAS/MS n° 1.161, de 18 de novembro de 2.015
CID-X:
- E03.0 - Hipotireoidismo congênito com bócio difuso;
- E03.1: Hipotireoidismo congênito sem bócio.
DEFINIÇÃO DE HIPOTIREOIDISMO
- Hipotireoidismo é a diminuição ou ausência de hormônios tireoidianos, caracterizado pela diminuição dos níveis séricos de tiroxina (T4) e triiodotironina (T3).
CLASSIFICAÇÃO
- Hipotireoidismo primário: decorrente da incapacidade parcial ou total da glândula tireóide em produzir hormônios tireoidianos.
- Central: decorrente da falta do hormônio tireoestimulante (TSH) hipofisário ou do do hormônio liberador do hormônio tireoestimulante (TRH) hipotalâmico.
EPIDEMIOLOGIA
- Incidência:
- Grécia: 1:1.800 nascidos-vivos;
- França: 1:10.000 nascidos-vivos;
- Brasil:
- Hipotireoidismo: 1:2.595 a 1:4.795 nascidos vivos;
- Hipotireoidismo central: 1:25.000 a 1:100.000 nascidos-vivos.
ETIOLOGIA
- Nas regiões não deficientes de iodo, as causas mais comuns de hipotireoidismo congênito são:
- Ectopia tireoidiana (6%);
- Agenesia tireoidiana (15%);
- Deficiência na síntese hormonal (15%).
- Hipotireoidismo transitório:
- Decorrente do uso pelas mães durante a gestação de iodetos, substâncias antitireoidianas ou iodo radioativo.
QUADRO CLÍNICO
- O hipotireoidismo congênito costuma ser assintomático ou oligossintomático logo após o nascimento. Posteriormente, pode se manifestar por:
- Hipotonia muscular;
- Dificuldade respiratória;
- Cianose;
- Icterícia prolongada;
- Constipação;
- Bradicardia;
- Anemia;
- Sonolência excessiva;
- Livedo retitcularis;
- Choro rouco;
- Hérnia umbilical;
- Alargamento de fontanelas;
- Mixedema;
- Sopro cardíaco;
- Macroglossia;
- Dificuldade na alimentação;
- Crescimento deficiente pôndero-estatural;
- Atraso na dentição;
- Pele seca e sem elasticidade;
- Atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e retardo mental.
DIAGNÓSTICO
- TRIAGEM NEONATAL (TESTE DO PEZINHO):
- Estratégia 1: Aferição do TSH em amostra de sangue coletada em papel de filtro (teste do pezinho), seguida da medida do T4 (total ou livre) em amostra de soro quando o TSH for superior a 20 mUI/L por radioimunoensaio ou superior a 15 mUI/L por ensaios imunométricos.
- Coleta da amostra:
- Recém-nascidos a termo sem comprometimento clínico: deve ser realizada a coleta entre o 3° e o 7° dias de vida (Os níveis de TSH em crianças não afetadas pelo hipotireoidismo congênito são mais elevados nos primeiros 3 dias de vida, podendo, nesse período, resultar em testes com diagnósticos falso-positivos);
- Recém-nascidos prematuros ou criticamente doentes: a coleta deve ser realizada aos 7 dias de vida.
- Estratégia 2:
- Aferição de T4 em amostra de papel filtro (normal: > 6 mcg/dL), coletada entre o 3° e o 7° dia de vida, seguida da aferição de TSH quando os níveis de T4 estiverem baixos.
- Programa Nacional de Triagem Neonatal: os resultados de rastreamento positivos devem ser seguidos da dosagem de T4 (total e livre) e TSH em amostra de sangue venoso, obtida com a maior brevidade possível para a confirmação diagnóstica. O ponto de corte de TSH adotado pelo protocolo é de 10 mUI/L no teste do pezinho.
- ULTRASSONOGRAFIA CERVICAL:
- Permite diagnosticar a etiologia do hipotireoidismo congênito.
- CINTILOGRAFIA DE TIREÓIDE:
- Permite diagnosticar a etiologia do hipotireoidismo congênito.
- Realizado após o exame de ultrassonografia cervical, quando este não consegue determinar a etiologia do hipotireoidismo congênito.
- Deve ser realizado após 3 anos de idade para não postergar o início da terapia de reposição hormonal.
- TESTE FUNCIONAL DE ESTÍMULO COM TRH:
- Utilizado para o diagnóstico etiológico de hipotireoidismo congênito central.
- IDADE ÓSSEA: atraso na maturação óssea.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
- Pacientes com diagnóstico laboratorial de hipotireoidismo congênito:
- TSH sérico: > 10 mUI/L;
- T4 total ou livre: normal-baixo.
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
- HipoTBGnemia:
- Pacientes com dosagem sérica TSH normal, T4 total sérico inferior ao valor de referência e valores de proteína carreadora de hormônios tireoidianos (thyroxine-binding globulin, TBG) inferiores ao valor de referência, devem ser submetidos à dosagem de T4 livre sérico:
- T4 livre sérico normal: diagnóstico de hipoTBGnemia, não devendo ser o paciente incluído no protocolo de tratamento de hipotireoidismo congênito.
- T4 livre sérico reduzido: diagnóstico de hipotireoidismo congênito. Paciente deve ser incluído no protocolo de tratamento.
- Pacientes com intolerância ao uso do medicamento empregado na reposição hormonal.
CENTROS DE REFERÊNCIA
- O Programa Nacional de Triagem Neonatal prevê que “os Serviços de Referência em Triagem Neonatal/Acompanhamento e Tratamento de Doenças Congênitas Tipo I, II e III - grupo em que se inclui o hipotireoidismo congênito - são os responsáveis pela realização da triagem dos pacientes, assim como por seu tratamento e acompanhamento”.
TRATAMENTO
APRESENTAÇÃO:
- Levotiroxina sintética: comprimidos de 25, 50 e 100 mcg.
POSOLOGIA:
TABELA: POSOLOGIA DE REPOSIÇÃO HORMONAL COM LEVOTIROXINA
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IDADE
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DOSE (mcg/Kg/dia)
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0 a 28 dias
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10 - 15
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1 a 6 meses
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7 - 10
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7 a 11 meses
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6 - 8
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1 a 5 anos
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4 - 6
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6 a 12 anos
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3 - 5
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13 a 20 anos
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3 - 4
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Adultos
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1 - 2
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TEMPO DE TRATAMENTO:
- O tratamento deve ser mantido por toda a vida.
- Nos casos de suspeita de hipotireoidismo transitório, a medicação deve ser suspensa após 3 anos de idade por curto período de tempo como o objetivo de reavaliar a função tireoidiana. Esses casos incluem pacientes sem etiologia definida por exame de imagem (especialmente se for demonstrada tireóide normal à ecografia), pacientes com quadro clínico e laboratorial inicial duvidoso e pacientes que não precisaram de aumento de dose de tiroxina durante o seguimento.
MONITORIZAÇÃO
- Os pacientes devem ser monitorizados quanto:
- Desenvolvimento pôndero-estatural;
- Desenvolvimento neuropsicomotor;
- Laboratorialmente:
- TSH: manter o TSH dentro dos valores de referência (idealmente entre 0,5-2,0 mUI/L).
TABELA: MONITORIZAÇÃO LABORATORIAL DO TRATAMENTO DO HIPOTIREOIDISMO CONGÊNITO
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MOMENTO
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FREQUÊNCIA DE DOSAGEM DO TSH
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Logo após iniciado o tratamento com levotiroxina
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2 a 4 semanas após início da medicação
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Primeiros 6 meses de vida
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a cada 1-2 meses
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De 6 meses a 3 anos de idade
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a cada 3-4 meses
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Após 3 anos de vida
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a cada 6-12 meses
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Após qualquer alteração de dosagem
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após 4 semanas do ajuste de dosagem
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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